Não será muito comum valer a pena assistir a um espectáculo de ópera por causa de um papel secundário cantado por um baixo. Porém, foi a sensação que me ficou ontem à noite, após o final da terceira récita de "Eugene Onegin" no Teatro de São Carlos. Trata-se de uma das mais belas obras de Tchaikovsky e não vive apenas da ária da carta de Tatiana e da ária de Lensky. No acto III, já perto do final da ópera, temos direito a um dos momentos mais inspirados do compositor: a ária do Príncipe Gremin.
Alexei Tanovitsky
Acontece que Alexei Tanovitsky, nascido em Minsk em 1976, é um baixo profundo à boa moda da escola russa, lembrando-nos também os búlgaros Ghiaurov e Christoff. A elegância do fraseado, a sonoridade, a beleza do timbre, tudo no sítio. Oxalá a nova direcção artística do TNSC não perca o número de telefone de Tanovitsky, lhe decore o nome e o convide para voltar mais vezes. Tanovitsky esteve presente no Festival ao Largo de 2009 (a versão de 2010 está aí à porta) e cantou assim:
Resta dizer que a encenação de Peter Konwitschny, pejadinha de Konzept, desvirtua a obra - nada a que não estejamos habituados - e despoja-a da atmosfera romântica que lhe é essencial. No entanto, esta produção de "Eugene Onegin", em termos musicais (o coro e a orquestra, sob a batuta de Michail Jurowski, estiveram muito bem), deve ser a que menos envergonha quem tem acompanhado a história recente do TNSC.
Ora ainda bem, Paulo, andava já há uns dias à procura de alguma opinião porque gosto do Eugene Onegin e porque me parecia por vários motivos que a produção não devia ser totalmente má. Já é uma felicidade ter boa direcção, côro. orquestra e solistas. Mas porque raio hão de vir uma almas tristes estragar tudo com uma encenação de nulidades pós-modernas?
ResponderEliminarEspero conseguir ver o Onegin um dia. Obrigado pela reportagem...fico contente qque tenha valido a pena.
Mário, não há motivos para grandes alegrias. O baixo é um cantor de grande qualidade e, por ele, acho que este "Onegin" vale a pena. Mas o próprio Onegin mal se ouvia. Às primeiras notas do Príncipe Gremin vê-se logo quão desajustado está o resto do elenco.
ResponderEliminarPaulo,
ResponderEliminarAssino por baixo tudo o que disseste.
Finalmente um Baixo com um timbre nobilíssimo e de elegante fraseado, sendo que é ainda muito novo e...bonito :)
Quanto à encenação não ser das piores desta temporada de tão má memória,realmente ela não acrescenta nada à imprescendível atmosfera romântica que afecta tão caracteristicamente a época e a cultura Russa oitocentista.
Sim, também espero ver este belíssimo baixo noutros voos, como sabes, por vezes são fantásticos no reportório Russo, mas muitas das vezes não se passa o mesmo quando abordam reportório Italiano ou mesmo Alemão.
Glória
Glória,
ResponderEliminarGostava de o ver cantar o Filipe II, por exemplo, tal como Ghiaurov e Christoff o fizeram. Não necessariamente já, que ele ainda é novo.
Hmm... Apetece-me tentar a récita de sexta-feira. Que tal a Tatiana e os outros cantores, suportam-se?
ResponderEliminarGi,
ResponderEliminarAcho que deves tentar, sim. Mais não digo.
Paulo, foi um bom serão bem passado ontem à noite, sim senhor :) em particular pelo baixo!
ResponderEliminarGloria, eu cá gostei muito da Tatiana. Muito superior ao que se tem visto por estas paragens nos ultimos tempos.
A encenação é que realmente era uma porcaria.
Blogger,
ResponderEliminarNão deixa de ser evidente um grande desnível entre os diversos cantores, da vocalidade ao estilo.
(Não posso dizer que tenha ficado fascinado pela Tatiana.)