10.2.13

Artur Pizarro nos 20 anos da OSP



Parece que, nos próximos tempos, vamos ter Pizarro mais vezes por cá, segundo o próprio confidenciou à conversa com Pedro Wallenstein (Músicos da OSP). A sua próxima visita será já em Março, no CCB, com Pavel Gomziakov.
Ontem pudemos ouvê-lo no Teatro de São Carlos a tocar o Concerto nº 2 de Brahms, dirigido por Rui Pinheiro, que substituiu Martin André por motivo de doença. Não é surpresa que os concertos de Artur Pizarro transmitam grandes emoções. Para lá da técnica e do virtuosismo, Artur tem o condão de passar para o público sentimentos profundos em relação à obra que está a interpretar, só possíveis graças a uma enorme maturidade e, diria eu, a um modo de encarar a arte herdado dos grandes pianistas. Artur é um pianista moderno, que coloca a sua i-partitura sobre o piano, mas que pouco ou nada tem a ver com a esmagadora maioria dos pianistas que vão aparecendo e pululando por aí. Artur é um pianista moderno mas à antiga, se é que me faço entender.

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A sua interpretação do concerto de Brahms foi belíssima, no entanto o 3º andamento, Andante, merece um realce especial. Começa com um solo de violoncelo, magnífico no arco de Irene Lima, subtilmente acompanhado pela orquestra, ao qual se junta mais tarde o piano em diálogo perfeito. Artur e Irene proporcionaram-nos as emoções que só os grandes artistas podem dar. Foi o momento mais sublime da noite e, com ele, concretizou-se um dos meus sonhos secretos: Irene Lima e Artur Pizarro juntos. E Pizarro, como se soubesse que era esse o meu desejo, convidou Irene para tocarem um encore: foi o Largo da Sonata de Chopin. O entendimento entre ambos foi tão evidente que nem se percebe por que razão não tocam mais vezes um com o outro.



Na primeira parte do concerto de ontem ouvimos Abertura Festiva, uma obra de Luís Tinoco em estreia absoluta, encomendada para a comemoração dos 20 anos da OSP, e a Sinfonia nº 5 de Joly Braga Santos. Poderá ser uma mania minha, mas continua a parecer-me uma ideia disparatada dispor a orquestra no meio da sala. Não só fica mais de metade da plateia por vender como a acústica da sala não foi pensada para isso. Numa obra para grande orquestra como a sinfonia de Braga Santos, em que os metais e a percussão têm um peso quase predominante, o som torna-se ensurdecedor. Imagine-se a ouvir a dita sinfonia na sua salinha com o volume da aparelhagem no máximo e perceberá a ideia. Tirando isso, parabéns aos músicos da Orquestra Sinfónica Portuguesa.

6 comentários:

  1. Que boa notícia essa, de termos o Artur Pizarro mais vezes por aqui! Algumas delas hei-de conseguir ouvi-lo.
    O programa de ontem interessava-me. Ainda bem que gostaste. Quanto à disposição da orquestra, andará o Martin André a sonhar com a Philarmonie?

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    1. Também já pensei nisso, Gi. Só que o São Carlos é um teatro do século XVIII, como bem sabes; não tem o espaço da Filarmonia, nem foi concebido para este tipo de concertos.

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  2. Que belo post, Paulo. Dá para a sentir a beleza que aconteceu aí.
    (estou a ouvir o largo - parece-me que vou ter uma "larga" manhã)

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  3. Fizeste-me recordar o recital dele na sala do trono do Palácio de Queluz, há uns meses...

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    1. Esse foi um belíssimo recital. Felizmente Artur Pizarro tem-nos visitado com alguma frequência nos últimos tempos.

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