14.5.14

La Gioconda em São Carlos


Foto de ensaio (©)

Uma breve nota sobre "La Gioconda" que ontem estreou em São Carlos: um sucesso estrondoso, como se esperava. Elisabete Matos esteve deslumbrante, num papel que parece ter sido talhado para ela. Desde o início, ela É Gioconda. E no IV acto, com um suicidio que traz a casa abaixo, consegue ultrapassar-se a si própria e é sublime. Porém, há um pequeno momento que é da mais pura filigrana: o seu Enzo adorato, ah, come t'amo! Inesquecível.

Parabéns a todos, orquestra, coro, maestro e restantes solistas, pelo feito notável de terem conseguido montar esta ópera com tão pouco tempo de ensaios.

Os mais renitentes à apresentação de óperas em versão de concerto que se cuidem. É que cantores de um certo calibre conseguem transmitir mais emoção cenicamente numa versão como esta do que muitos em versões encenadas.

20 comentários:

  1. Que pena não poder ter estado aí! Sabes se esta Gioconda vem a Berlim um dia destes?

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  2. Viva Paulo,
    Que inveja!
    Para além do Suicidio há outro momento que me faz separar as águas entre as grandes Giocondas: no Terceiro Acto depois de ter dado o narcótico a Laura a longa frase que começa "O madre mia nella Isola fatale...". E também o final do Primeiro Acto.
    Ficará algum registo sonoro do que se ouviu nesta Gioconda da Elisabete Matos?
    Um abraço

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    1. Não sei, Raul. Suponho que o Teatro grava todas as récitas para o seu registo.
      A Antena 2 parece ter-se esquecido e, ao que parece, não faz a transmissão em directo. Não sei se gravará alguma récita para posterior transmissão.

      Os momentos que aponta foram também magníficos, assim como o dó no final do terceto no IV acto. A casa veio abaixo e Elisabete Matos teve que interromper e retomar com "Ora posso morir".

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  3. E tu estiveste em êxtase, justificado, acrescento...

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  4. Anónimo14.5.14

    pena o publico terrível que não ajudou em nada os cantores ...e dizem shhh quando uma pessoa quer aplaudir ! grande Elisabete Matos ... salvou o espectáculo !

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    1. Naturalmente, La Gioconda é Ela. Mas achei a récita muito boa na generalidade, apesar de nem todos os cantores estarem ao nível de Elisabete Matos.

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  5. Fico contente por ter sido tão bom. E tens razão, às vezes é preferível uma ópera em versão de concerto do que as encenações manhosas que por aí pululam.

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    1. Elisabete Matos consegue transmitir emoções muito fortes. Com ou sem cena.

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  6. As fragorosas impressões ora partilhadas vêm acentuar a ausência de qualquer género de difusão no que à produção em causa concerne.

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  7. Estou fora de Portugal mas tenho a esperança de chegar Sábado ainda a tempo de poder assistir à última récita.
    Apesar de todos os condicionalismos e constrangimentos, tenho pena que a ópera não seja encenada. Já vi muitas encenações tenebrosas (uma mão cheia delas em São Carlos, mas muitas mais cá fora), mas sou daqueles que acha que, sem encenação, a ópera nunca está completa. Desculpe a opinião dissonante, Paulo, mas estou certo que, se conseguir ir no Sábado, sairei de lá muito agradado.

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  8. Olá Paulo.
    Eu não deveria estar a falar, dado que participei no espectáculo, mas assino tudo o que dizes. Temos a maior Gioconda do mundo nascida no Minho e a viver ali para os lados do Chiado, quando não está a calcorrear o mundo. O que, para além de exaltante e glorioso, não deixa de ser chique!

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    1. A tua opinião é sempre bem-vinda, Jorge.
      E como dizia o António Toscano no final da récita, a Gioconda, depois de cantar a ária do "Suicidio", ainda tem de cantar a Zerbinetta. É obra. E ela fá-lo como só as maiores conseguem.

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  9. Caro Paulo,
    Fico contente por o concerto ter sido muito bom. Outra coisa não se esperava de Elizabete Matos. O que não esperava é que o Paulo fizesse a apologia da ópera sem cena, como se depreende do aviso que deixa no final do seu post. Compreendo, embora não concorde, com a opção de em tempo de crise seja cortar na cena, daí a fazer a apologia disso raia o absurdo. Já chorei a ouvir a Callas em disco, mas jamais me passaria pela cabeça que o nosso teatro de ópera se dedicasse a passar os discos da Callas. A alternativa a ouvir maus cantores em cena não é tirar a cena, mas os maus cantores. É que a alternativa a uma orquestra desafinada não é um bom piano e pianista, mas outra orquestra mais afinada.

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    1. Caro João Alves,
      Não faço a apologia da ópera não encenada. Apenas prefiro uma boa versão de concerto, em que os cantores se empenham também "cenicamente", como foi o caso, e transmitem toda a emoção da essência da ópera, a uma encenação (nos tempos que correm geralmente má, na minha opinião) em que os cantores são medianos e não me interessam.
      O que mais me fascina na ópera é a música, o canto, as vozes, o que os cantores fazem com elas. Se a encenação for boa, óptimo. Se ela estiver lá para destruir o que o compositor e o libretista entenderam, para gratuitamente introduzir um novo conceito, dispenso.

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    2. E eu estou absolutamente de acordo consigo. Talvez haja um problema de comunicação. O que não concordo, nem posso concordar, é que um teatro vocacionado para a ópera não apresente a ópera: o espectáculo de arte total, que combina o drama, a poesia, as artes plásticas, o canto, a dança e... a música.

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  10. O que o Paulo diz faz todo o sentido doutro modo não havia um mercado de gravações de ópera. A cena, embora importantíssima não é a condição sine qua non para ouvir ópera, que se sobrepõe a ver ópera. Não me consta que haja um mercado florescente de gravações sonoras de teatro porque sem cena este género não existe. Só a elocução não chega e daí "vermos uma peça de teatro".

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  11. Adenda: E mais, nestas encenações disparatadas, que para mim o modelo é a dos "Les Troyens" , onde a Elisabete Matos e a Daniella Barcelona ficam mergulhadas em ideias "extraterrestes" distraindo o público da música e canto tal é a movimentação e o colorido no palco. Eu recuso-me a comprar DVDs com encenações anormais por melhores que sejam os cantores. Vão...

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