8.9.09

Árvores de Portugal


Árvores de Portugal é um novo blogue da associação com o mesmo nome, conta com a participação de vários autores e tem como objectivo a divulgação do nosso património arbóreo. Visite-o, se gosta de árvores, e saiba aqui como colaborar, enviando notícias ou partilhando fotografias. Eu também lá estou e em óptima companhia.

Em Casa de Jorge de Sena

(Este texto foi enviado por Jorge Rodrigues, co-autor do programa "Esferas" da CSB Rádio.)

EM CASA DE JORGE DE SENA

Em fins de Maio pedi a Mécia de Sena que me desse uma longa entrevista para, com a mesma, alicerçar a “Semana Jorge de Sena” que o programa ESFERAS da CSB Rádio vai transmitir a partir de 28 de Setembro. Depois do seu simpático assentimento tratei de tudo: viagem, leituras, e tudo aquilo que é necessário para uma viagem destas – inclusive, declarar à Emigração dos EUA que nunca fui comunista, terrorista, e outras calamidades tais. Por coincidência espantosa recebi, dias depois de tudo combinado, uma carta de Mécia de Sena informando-me que Portugal finalmente iria receber os restos mortais do escritor. O seu a seu dono: a ideia partiu do actual Ministro da Cultura.

Isso não me coibiu de partir, obviamente, e, assim, cheguei a Santa Barbara, Califórnia, perto de Los Angeles, e estou desde então hospedado naquela que foi a última morada do escritor, onde a viúva ainda habita. E em Santa Barbara, na sua Universidade, o último local onde leccionou, Jorge de Sena é uma figura mítica. Continua a ser!

Têm sido dias estranhos: por um lado, este período suscita a Mécia de Sena recordações, saudades, revolta pelo facto de só passados 30 anos estar a acontecer o regresso do escritor a Portugal; por outro, felicidade por isso finalmente se realizar. Claro que não vou aqui contar o que ela me tem dito (têm sido dias e dias de conversa, e isso ficará para o programa radiofónico), mas o que me é mais estranho é habitar o espaço do escritor: utilizar a mesa onde ele tomava as refeições, pegar nos livros dele, ter a sua biblioteca à minha disposição, manejar os seus objectos e papeis, ver as suas fotografias, ouvir os seus discos – sim, aqueles mesmo de que ele fala no seu livro “Arte de Música”! – e ter a sensação de que ele continua vivo, não em estatuto (obviamente que assim continuará), mas mesmo em carne e osso, como se ele fosse entrar por aquela porta agora mesmo.

A casa é uma biblioteca, com milhares e milhares, e milhares de volumes, e estou neste momento a escrever num dos quartos, aquele em que estão os livros de biografias e da literatura brasileira. Mécia de Sena deixou tudo organizado como estava (dos livros falo, e do seu local e arrumação), e, assim, há a secção de história, a secção de literatura francesa, a de literatura inglesa, e por aí fora. Mécia de Sena tem passado os últimos 30 anos a sistematicamente arrumar, catalogar, salvar tudo o que é documento e recordação. Portugal dever-lhe-á ter um acervo absolutamente impecável e organizado – estive, por exemplo, há pouco, com o programa de um “Don Carlo” que Sena ouviu em São Carlos, aquele com Christoff, Bergonzi, Cerquetti, Simionato... tremeram-me as mãos, mas é natural: imaginar que ele o segurou durante toda a récita, há já mais de 50 anos.

E há a Califórnia, há o sol, houve no passado dia 6 a tal lua que deixou a “noite inchada”, e há, da minha parte, uma intensa comoção. Isto é um texto à pressa; serve apenas para partilhar contigo, Paulo, a maravilha e a exaltação que têm sido para mim estes dias.

Recebe um abraço deste português “comovido a oeste”

Jorge

7.9.09

Só uma perguntinha

No local onde param os autocarros de turismo e se encontram as lojinhas de recordações e as esplanadas das roulottes, existem também duas ou três pequenas construções de pedra que conservam os detritos que os humanos deixam quando estão de visita à Torre de Belém. Em dias de grande afluência de público assiste-se frequentemente a este espectáculo: os contentores transformam-se em pirâmides transbordantes de latas, garrafas e sacos de plástico que os fortes ventos de fim de tarde levam esvoaçando até ao Tejo, como veríamos nesta imagem se ela fosse um filme.

Ora a perguntinha é: o que fazem ali aqueles contentorzinhos?


6.9.09

Gwyneth Jones - D'amor sull'ali rosee

Estava a ver uma entrevista de 1994 em que a magnífica Dame Gwyneth Jones conversava descontraidamente com o encenador August Everding sobre a sua carreira, maestros, encenadores, críticos e récitas. É em Alemão e não tem legendas, mas está ilustrada com alguns excertos preciosos de interpretações da cantora galesa.

E depois encontrei um vídeo que no-la mostra na sua estreia em Covent Garden, em 1964, como Leonora de "Il Trovatore", apanhada à pressa para substituir Leontyne Price. A encenação era de Visconti e Giulini dirigia a orquestra da Royal Opera House.

D'amor sull'ali rosee

(coloraturafan)

D'amor sull'ali rosee
Vanne, sospir dolente:
Del prigioniero misero
Conforta l'egra mente...
Com'aura di speranza
Aleggia in quella stanza:
Lo desta alle memorie,
Ai sogni dell'amor!
Ma deh! non dirgli, improvvido,
Le pene del mio cor!

3.9.09

O Parque de Águeda

O Parque Municipal de Alta Vila cresceu numa colina sobranceira ao rio Águeda e deve-se, segundo se lê numa placa à entrada do parque, ao espírito empreendedor do Dr. Eduardo Caldeira que, na segunda metade do século XIX, transformou um pequeno e escalvado planalto, localizado no centro de Águeda, num majestoso "oásis" povoado de árvores raras e exóticas e belos jardins com equipamentos de lazer. Mais tarde a quinta foi vendida e, posteriormente, adquirida pela Câmara Municipal de Águeda.
Lá podemos encontrar tílias grandiosas, um belo exemplar de cedro, palmeiras, o que me parece ser uma Thuja plicata1 e uma pequena floresta de bambus. Já o lago, os canteiros, os caminhos e as falsas ruínas de gosto romântico tardio mereciam estar mais bem cuidados. Nada a que não estejamos habituados, no entanto.

1 - Correcção: segundo Maria Carvalho, trata-se de um cipreste-do-Buçaco (Cupressus lusitanica).

Cedro
Cedro-do-Líbano

Thuja plicata?
Thuja plicata?
Cupressus lusitanica (segundo Maria Carvalho)

Bambus
Bambus
Bambuzal

26.8.09

Die Seeräuber-Jenny,

ou quando os electrodomésticos resolvem fazer greve e nos obrigam a lavar copos e pratos.

Em duas versões à escolha do cliente: por Lotte Lenya, mulher do compositor Kurt Weill, e por Gisela May, grande senhora do teatro alemão que ficará para sempre ligada à história do Berliner Ensemble e da interpretação das obras de Brecht e Weill.

(rongcentury)

(vaimusic)



Die Seeräuber-Jenny

Meine Herren, heute sehen Sie mich Gläser abwaschen
Und ich mache das Bett für jeden.
Und Sie geben mir einen Penny und ich bedanke mich schnell
Und Sie sehen meine Lumpen und dies lumpige Hotel
Und Sie wissen nicht, mit wem Sie reden.
Und Sie wissen nicht, mit wem Sie reden.
Aber eines Tags wird ein Geschrei sein am Hafen
Und man fragt: Was ist das für ein Geschrei?
Und man wird mich lächeln sehn bei meinen Gläsern
Und man fragt: Was lächelt die dabei?

Und ein Schiff mit acht Segeln
Und mit fünfzig Kanonen
Wird liegen am Kai.

Meine Herren, da wird wohl ihr Lachen aufhören
Denn die Mauern werden fallen hin
Und am dritten Tage ist die Stadt dem Erdboden gleich.
Nur ein lumpiges Hotel wird verschont von jedem Streich
Und man fragt: Wer wohnt Besonderer darin?
Und man fragt: Wer wohnt Besonderer darin?
Und in dieser Nacht wird ein Geschrei um das Hotel sein
Und man fragt: Warum wird das Hotel verschont?
Und man sieht mich treten aus der Tür gen Morgen
Und man sagt: Die hat darin gewohnt?

Und ein Schiff mit acht Segeln
Und mit fünfzig Kanonen
Wird beschiessen die Stadt.

Und es werden kommen hundert gen Mittag an Land
Und werden in den Schatten treten
Und fangen einen jeglichen vor jeglicher Tür
Und legen ihn in Ketten und bringen ihn mir
Und mich fragen: Welchen sollen wir töten?
Und mich fragen: Welchen sollen wir töten?
Und an diesem Mittag wird es still sein am Hafen
Wenn man fragt, wer wohl sterben muss.
Und da werden Sie mich sagen hören: Alle!
Und wenn dann der Kopf fällt, sage ich: Hoppla!

Und das Schiff mit acht Segeln
Und mit fünfzig Kanonen
Wird entschwinden mit mir.

Brecht/Weill, Die Dreigroschenoper

6.8.09

Lua Cheia

E a ninfa, apaixonada pelo príncipe que costuma banhar-se no lago onde ela vive, deseja tornar-se humana para poder abraçá-lo. São-lhe impostas duas cláusulas: nunca falará e, se o seu príncipe lhe for infiel, ela voltará para o mundo aquático e ele morrerá.
Rusalka será sempre uma inadaptada. No mundo dos homens, sofre pela sua condição primordial de sereia e não fala; retornando ao mundo dos seres aquáticos, ela já não é um deles, pois foi-lhe dada uma alma humana.

É com exigências deste teor e outras ainda mais bárbaras, determinadas pela implacável Natureza ou pela inexorabilidade dos homens, que ninfas e nós temos de viver.

(Foly90)


Měsíčku na nebi hlubokém,
světlo tvé daleko vidí,
po světě bloudíš širokém,
díváš se v příbytky lidí.
po světě bloudíš širokém,
díváš se v příbytky lidí.

Měsíčku, postůj chvíli,
řekni mi, řekni, kde je můj milý!
Měsíčku, postůj chvíli,
řekni mi, řekni, kde je můj milý!

Řekni mu, stříbrný měsíčku,
mé že jej objímá rámě,
aby si alespoň chviličku
vzpomenul ve snění na mne.
aby si alespoň chviličku
vzpomenul ve snění na mne.

Zasvěť mu do daleka, Zasvěť mu
řekni mu, řekni, kdo tu naň čeká!
Zasvěť mu do daleka, Zasvěť mu
řekni mu, řekni, kdo tu naň čeká!

O mně-li, duše lidská sní,

ať se tou vzpomínkou vzbudí;
měsíčku, nezhasni, nezhasni!
nezhasni, nezhasni!

Sem título - III

vila nova de cerveira

vila nova de cerveira
Sedum brevifolium? (arroz-dos-muros, arroz-dos-telhados) >
(Obrigado, Teresa. Entretanto, no Dias com árvores...)

5.8.09

Reis, Filhos


Onde a rua de Santa Catarina entronca com a rua 31 de Janeiro encontra-se uma antiga ourivesaria, transformada agora em loja de artigos de desporto. Vale a pena entrar, nem que se aprece um par de ténis, e olhar para cima. Depois, tome um café no Majestic e siga para a Lello.

Reis, Filhos

Reis, Filhos

Reis, Filhos

Reis, Filhos