8.4.09

É Noite na Mouraria

Há dias estive numa casa de fados em Alfama, coisa que me calha com alguma frequência e raramente com resultados satisfatórios. Mas nessa noite tive uma surpresa: a irmã de Amália, a Dona Celeste, como lhe chamam, estava lá e cantou. E ouvi-la e vê-la ali, a escassos metros de distância, deixou-me por momentos a pensar que estava a viver no passado. Porque já mais ninguém canta assim.

(Dianazaidman60)

10 comentários:

  1. Não tendo instrumento vocal que tinha a Amália, partilha com ela, sem dúvida alguma, alguns dos genes!
    É uma bonita sombra (com todo o respeito!)
    Obrigado!
    Um abraço!

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  2. Penso que os genes partilhados são todos na cara (é muito parecida!). O resto, Ezequiel, e tb com o devido respeito, não chega nem aos calcanhares. É uma triste sina cantar e ser irmã da maior cantora de todos os tempos :(

    Bjs.

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  3. Eu gosto bastante da Celeste. Mesmo agora, sem ter praticamente voz (devido à idade) consegue o que muitos não conseguem. Já tive a sorte de a ter como vizinha, já a ouvi em concerto e também em casas de fados e é sempre um enorme prazer.

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  4. E ter de cantar na idade que tem agora. Mesmo a Amália, nos últimos anos, não cantava nada - ou antes, devia ter sido desencorajada de fazer espectáculos. Ia-se ouvi-la por amor e para além do que se ouvia, buscava-se a memória do que se tinha ouvido antes.
    De resto, era confrangedor.

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  5. Penso que a questão genética não se esgota nas feições: há um modo de sentir e de cantar comum a ambas que está em vias de extinção. Li algures que a idade de Celeste Rodrigues é bem provecta (não ficaria bem revelá-la aqui) e pude comprovar que a senhora fuma muito mais que eu. Faço vénia até ao chão.

    O Pedro foca um ponto com o qual eu não posso estar mais de acordo: (...) consegue o que muitos não conseguem. E a Gi mostra-nos uma versão de "Povo que lavas no rio" que é a prova de que Amália foi, sem dúvida, uma das melhores cantoras do século XX. Qualquer tentativa de comparação é inútil.

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  6. Quem a viu, como eu, tantas vezes à ombreira da porta, com uma túnica (muito '70), a fumar, não terá dificuldade em achar que a Celeste é uma das útlimas grandes divas (seja lá o que isso for).
    Aconselho vivamente o seu último álbum, salvo erro Fado Celeste.
    E depois é como eu sempre digo, para cantar o fado, mais do que ter voz, é preciso sentimento e isso, infelizmente, nem todos têm.

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  7. Acho que estamos perfeitamente de acordo, Pedro.

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  8. Diferente de Amália, mas nem por isso menor. O fado é um canto da alma. E ela faz-nos senti-lo ( a idade para aqui não é chamada).

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  9. Claro que não é a Amália, essa era única; mas esta forma de cantar comove-me. Sempre gostei de ouvir cantar "velhas senhoras" como a saudosa Berta Cardoso ou a ainda activa (penso eu)Argentina Santos.
    Celeste Rodrigues é um bom exemplo...
    Abraço.

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  10. Penso que a Argentina Santos ainda canta na sua casa de fados em Alfama (a Parreirinha).

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